Reconheço e valorizo os anciãos. Tenho
a abertura, a disposição e a sede de ouvi-los atentamente, pois é uma das
formas de adquirir entendimento da vida. Admiro e sinto um carinho especial
pelos que souberam viver com sabedoria e relaxamento. E mesmo os que
envelheceram carregando as tensões e o peso do tempo passado nas costas, também servem de exemplo se procurarmos
compreender o que os impediu de viver com tranquilidade e harmonia.
Constatei certas características comuns entre as pessoas que
conseguiram relaxar, mesmo com todos os problemas que tiveram de enfrentar e
lidar.
Aceitam e amam a vida. Mantêm uma
confiança inabalável na Existência e em si mesmas. Conservam-se lúcidas
mentalmente e muito joviais. Enxergam a realidade como ela é, porém não
reclamam, mesmo se sofrem. Apreciam compartilhar sua sabedoria e sua amizade.
Adotam a postura de estudante, sempre abertas para aprender, mesmo aos 80 anos
ou mais. Evitam julgar os outros. Aprenderam a ouvir e a respeitar a voz do
coração. Irradiam paz, tranquilidade e contentamento, o que nos faz sentir um
grande bem estar ao lado delas. Vivem de forma simples e comum. Não carregam nenhum desejo de ser
diferentes de quem são nem tampouco de
serem extraordinárias. Aprenderam a se
aceitar do jeito que são; ficaram à vontade com o próprio corpo e com seu ser. Deixaram de
brigar consigo mesmas e com a vida – simplesmente são o que são e fluem nisso.
E mantêm sempre o bom humor.
É uma pena que no Ocidente,
atualmente, os jovens não são ensinados de forma efetiva a respeitarem e a valorizar os mais velhos e a sua orientação. Quantas
experiências muitos deles gostariam de partilhar... Mas, sem interesse em ouvi-los,
oportunidades de aprendizado são desprezadas e, literalmente, jogadas fora.
Lições sobre a arte de viver, que poderiam ajudar a muitos a lidarem melhor com
os problemas, sem tanto estresse, desespero, sem tanta loucura...
Agradeço a oportunidade de ter
convivido com algumas pessoas que
envelheceram em paz, com harmonia e sabedoria, sem
nostalgia em relação ao passado nem ansiedade quanto ao futuro, engajadas no
presente, em estado de contentamento interior. O passar do tempo foi uma
ponte para cruzarem as fronteiras que
vão além do corpo, além da mente, o que lhes deu
coragem para abrir as asas e voar com total
confiança em direção ao infinito.
Namastê!
Namastê!
BENEDITA ENILDES DE CAMPOS CORRÊA
é Administradora, Terapeuta Corporal Ayurveda e Prof. de Yoga com formação e
especialização na Índia. Ministra palestras e seminários vivenciais a organizações governamentais e privadas. Autora do livro Vida em Palavras, coletânea de
crônicas. E-mail: omsaraas@terra.com.br
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