Gostaria de
chamar a atenção dos parlamentares políticos e gestores públicos para a construção
da Cultura de Paz na sociedade. Atualmente, as pessoas perderam a tranqüilidade
em termos de segurança até mesmo dentro de suas próprias casas. As escolas para
onde vão os nossos jovens são rondadas constantemente por traficantes à
espreita de novas vítimas e o risco de qualquer um ser alvo e refém de
indivíduos em estado de desequilíbrio mental está em cada esquina. Parece que
está inversamente proporcional a linha de ascensão do progresso material e a
paz social.
A realidade é que a sociedade
como um todo está doente, a ponto de a Organização Mundial de Saúde (OMS), há
mais de duas décadas, ter lançado um apelo para que todos se tornem um agente
de saúde, pois o planeta inteiro está doente.
Contudo, apesar dessa triste e
gritante realidade pular à frente dos nossos olhos quase que a todo momento,
vemos pouca ou nenhuma ênfase por parte do poder público em nível do
Legislativo, Executivo e Judiciário na construção da Cultura de Paz e em adotar
medidas preventivas. É raro ouvirmos discursos políticos em prol das obras que
transcendem o aspecto material da nossa existência, por exemplo, atenção à
saúde integral (física, mental e espiritual) do ser humano.
A tragédia da Escola do Realengo,
no Estado do Rio de Janeiro, entre várias outras, escancarou a necessidade premente de maior atenção
do poder público em relação à importante questão da Cultura de Paz nas escolas
e na sociedade como um todo.
Já foi dito por vários Profetas
da humanidade que um único homem que esteja em estado de paz e harmonia,
influencia todo o ambiente ao seu redor. Na vida, tudo é contagioso, quer seja a paz ou
a guerra interior de cada indivíduo. Atos de violência, sejam quais forem,
traduzem a insanidade de um indivíduo.
Entretanto, de modo geral, não
existe a cultura da amizade e do cuidado com a vida em nossa sociedade.
Desconhecemos até cuidados simples e básicos com a nossa própria saúde física,
mental e espiritual, que poderiam evitar muitos sofrimentos à população, em
especial, às camadas mais carentes. Dessa forma, a grande maioria vive
ignorando algo essencial da nossa existência.
A doença mais grave e as dores
mais agudas de um ser humano são as provenientes do descaso e do desamor, que
por sua vez, provocam as maiores misérias na existência humana. No entanto, esse
problema que afeta a humanidade, costuma ser olhado como assunto de pouca
relevância e, comumente, fica do lado de
fora dos encontros e reuniões dos gestores públicos. Pelos danos
irreparáveis que continuam sendo feitos à vida, constata-se que há uma cegueira
geral que não permite o “óbvio” ser visto e muito menos ser compreendido. “Por
uns velhos vãos motivos, somos cegos e cativos no deserto do universo sem amor”.
(Taiguara).
As condições
para uma vida saudável precisam ser revistas e reorganizadas dentro de uma
visão holística, que contemple as várias dimensões da nossa existência.
Torna-se emergencial atuar na direção do resgate do estado natural do ser
humano: a harmonia. É esse estado de paz interior que nos leva a viver em
unidade e equilíbrio com tudo e com todos, quer sejamos habitantes dos países
do primeiro ou do terceiro mundo.
É passada a hora de olharmos com
a mesma atenção o progresso material e a nossa educação e saúde integral. Pergunto-me
o que mais ainda precisa acontecer para as autoridades governamentais encararem
com a devida atenção e seriedade a necessidade de direcionar esforços para a
educação e o equilíbrio do ser humano como ação preventiva e essencial na resolução
da situação caótica que enfrentamos em termos de violência e também de
destruição ambiental?
Quando é que Saúde, Educação, Segurança
Pública, Meio Ambiente receberão prioridade de atenção e de investimentos
financeiros como está acontecendo com tudo que diz respeito à COPA 2014, por
exemplo? E que estranha contradição: o Estádio Governador José Fragelli, em
perfeitas condições estruturais, um dos símbolos do futebol mato-grossense, foi
destruído por conta das obras da Copa em Mato Grosso...
Precisamos avançar urgentemente
no cuidado com a vida e na construção da Cultura de Paz na nossa sociedade. Caso
contrário, o mundo do jeito que está, continuará a roubar os mais belos sonhos
dos nossos jovens e a esmagar as melhores potencialidades desta e das futuras
gerações.
Os gestores públicos em nível
federal, estadual e municipal terão que se disponibilizar para ouvirem e obter a cooperação dos vários segmentos da sociedade que querem contribuir para a
construção de um mundo em que todos possam viver a vida cotidiana com melhor
qualidade, segurança e tranqüilidade. Então, quem sabe, será um sonho possível
manter a chama da confiança acesa dentro de nós e possamos confirmar o artigo
quarto do Estatuto do Homem, do poeta
Thiago de Mello:
“Fica decretado que o homem não precisará nunca mais duvidar do homem. Que o homem confiará no homem como a palmeira confia no vento, como o vento confia no ar, como o ar confia no campo azul do céu”.
Maio/2011
ENILDES CORRÊA
é Administradora e Terapeuta Corporal Ayurveda. Formação e aprefeicoamento na Índia. Ministra seminários e palestras a organizações
governamentais e privadas na área de Qualidade de Vida e Humanização da Convivência.
Autora de Vida em Palavras –
coletânea de crônicas. E-mail: solautoconhecimento@gmail.com
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Olá Seja Bem Vindo ao meu blog sobre Autoconhecimento, terei o maior prazer em respondê-lo.