Pisei o chão do Oriente em 1992 e o país visitado, inicialmente, foi a Índia. Uma viagem impulsionada pelo meu anseio de aperfeiçoamento profissional na área de terapia corporal holística, além do fascínio que sentia pela milenar filosofia oriental.
O Ocidente tem uma visão materialista sobre a vida, enquanto o Oriente é mais espiritualista. A cultura indiana dá muita importância à paz da mente, à harmonia e a como nos livrar das reações, desapegarmo-nos delas. O alicerce da filosofia indiana é a busca do equilíbrio para a vida. Atualmente, o Oriente está vindo para o Ocidente e vice-versa, e ambos recebem influências diversas dos dois lados.
Eu, assim como inúmeros amigos de várias nacionalidades que conheci, incluí-me entre os viajantes que se apaixonaram pela Índia e pela plenitude da sabedoria da filosofia oriental. O país tem uma tradição de cerca de 10.000 anos de busca pela paz, pela interioridade do ser humano. Um desejo de paz e harmonia que as pessoas trazem dentro de si, em maior ou menor grau de intensidade, consciente ou inconscientemente.
A Índia, lendária e enigmática, atrai milhares de estrangeiros, a maioria deles oriunda de países ricos do Ocidente. Procuram algo que não foi possível encontrar na terra natal, mesmo em meio à qualidade de vida material de que desfrutam. Buscam nos ensinamentos espirituais transmitidos pelos sábios orientais, a vivificação de suas existências. Conheci vários europeus que, após terem se aposentado, optaram por morar lá e viver entre esses dois mundos: o Oriente e o Ocidente.
O país de nascimento de Buda, Mahavira, J.Krishnamurti, Gandhi e tantos outros Grandes Mestres tornou-se uma atração irresistível para mim também, o que me levou a retornar várias vezes. Em cada viagem para lá, bebi do inesgotável conhecimento da vida, que me fortaleceu em nível de corpo, mente e espírito. Aprendi a movimentar-me com bastante facilidade do mundo externo para o interno e vice-versa. Adquiri compreensão sobre a arte de viver em paz, o que me dá muito mais segurança emocional, clareza e confiança ao enfrentar os desafios da nossa existência. Na Índia há diamantes da sabedoria universal, cujo brilho espalha-se na atmosfera, no éter daquela terra. Contudo, é necessário uma procura autêntica, sincera e inocente para conseguir enxergá-los e encontrá-los.
O inferno ou o paraíso ao nosso redor é resultado direto da ação do homem no ambiente em que vive. Ao investigarmos a origem da insensibilidade e da desumanidade, quer seja com seus próprios semelhantes ou em relação às demais espécies do planeta, deparamo-nos com os desajustes psicológicos que ocorrem com a desarmonia interior das pessoas.
Então, se queremos um mundo que se movimente no compasso do equilíbrio, há que se priorizar e realizar ações em direção ao resgate do estado de harmonia dos indivíduos. Cada pessoa que se apazigua e pacifica-se internamente, coopera com a construção da cultura de paz onde quer que esteja, espontaneamente.
Não costumo participar de caminhadas pela paz. Ao invés disso, opto por percorrer as vias do mundo interior e nele adentrar-me, onde está o Templo Sagrado da Consciência e do Silêncio. Dele se abrem as portas para a paz e o amor reinarem dentro de nós, e então, passarem a coroar nossas ações. Uma passagem divina que me foi revelada no caminho da Índia através de ensinamentos transmitidos pelos seus Mestres Imortais - Pontes de Paz para a humanidade.
O Oriente deixou de ser um pólo distante e inatingível, edificou-se em meu ser e integrou-se à minha parte ocidental. Agora, essas polaridades se misturam, se fundem e dão mais luz, compreensão e significado à minha existência. Acende-se em mim a chama da partilha do sabor dessa integração que nos permite viver com mais consciência, tranqüilidade e melhor qualidade de vida pessoal.
Namaste!
ENILDES CORRÊA é Administradora, terapeuta corporal Ayurveda e professora de Yoga. Ministra seminários vivenciais a organizações governamentais e privadas na área de Qualidade de Vida no Trabalho. Autora do livro Vida em Palavras.
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